1 de abril de 2008

O comum de uma forma incomum

O querer fazer, ser diferente tornou- se um sentimento comum. São muitos os discursos, “revoluções”, supostos argumentos, mas poucas são as idéias que continuam sendo perigosas. “Tlôn, Uqbar, Orbis Tertius”- o conto que fala de um conto- poderia ser o retrato do que articulações de pensamentos bem feitas ainda são capazes.
Em busca de uma possível saída do que lhes prendiam, com um gesto muito mais ousado do que prepotente uma sociedade secreta cria um planeta, Orbis Tertius. Este teria como um país Uqbar que por fim teria em sua literatura lendas referentes a regiões imaginárias, entre elas, Tlôn.
O grupo arriscou dar um ponto final ao que em nosso mundo aparece-nos como uma eterna reticência. Criou um “labirinto” destinado a ser decifrado pelos homens, e não mais submisso às incertezas de um mundo pactuado com Jesus Cristo.
Com isso, houve a tentativa de fuga de uma subordinação a espelhos. A resistência à uma crença do que nos parece a representação ideal
Uma atitude primeiramente ousada visto que é a procura de uma nova forma de lidar com aquilo que se passa ao nosso redor, fazendo- nos pensar em outras possíveis possibilidades de movimentações. Linguagem, ciência,... são vistas de forma distinta da usual.
Prepotente mas não desinteressante ao passo que tentam provar a um deus que nem acreditam que exista que são capazes de conceber um mundo. E, que este seria melhor do que o já existente enquanto que provavelmente ser melhor ou pior pode tratar-se apenas de um ponto de vista.



Desculpem o atraso!
Beijos

28 de março de 2008

Grupo de dois...

Gente uma pena vocês não terem aparecido, eu e o João ficamos esperando por vocês até as dez horas :/
O que fizemos? Bom, conversamos sobre o texto que é muito interessante e combinamos que na quinta mesmo postaria um aviso sobre esse encontro/ desencontro.
Poderia ter sido melhor, caso todo mundo tivesse ido, mas já considero o que aconteceu ontem um início não é verdade?
Nossa leitura combinamos de postar no sábado, amanhã ! :]

Enfim, que venham mais encontros com menos desencontros!!

Beijos pra todo mundo

24 de março de 2008

Recados...

Por que não continuarmos com uma leitura das leituras? (Bruninha)


Enquanto lia o conto do Luis Borges, "Tlôn, Uqbar, Orbis Tertius" e percebi o quanto ele era interessante me veio a vontade de compartilhar isso com outra ou outras pessoas... Enfim, vim aqui pra dar uma sugestão. Invés de eu postar a minha leitura por que não conversamos antes sobre o texto?
A discussão seria aqui mesmo, nos comentários dessa postagem e daí sim eu faria uma outra postagem com uma possível leitura das leituras. O que acham? Alguém topa?

Bruna não tava conseguindo postar daí eu tou dando uma ajuda.

Mas então queria saber também sobre o que acontecerá próxima quinta... ou não acontecerá mais....

21 de março de 2008

Sobre o que estamos fazendo e o que faremos de nós...

Sei que andei distante deste espaço nas ultimas postagens (não só delas, mas de um outro tanto de coisas que se relacionam com outros tantos) mas nos últimos dias sinto a boa brisa me falando que vem aí bom tempo. Então resolvi passar por aqui para tentar dar continuidade a esse espaço lembrando que ele ainda existe e não se encerrou no ultimo post, como a maioria de nós, se não todos, concordou.
Eu queria trazer uma idéia para as pessoas que por ventura não tinha ainda alguma sobre o que fazer com este espaço. Essa idéia surgiu, em parte, dos trabalhos que têm um bom andamento no blog da pesquisa que integro com Kleber. Lá essa prática é marcada através do rótulo “Li e disse isso”.
Mas em que consiste isso? Então... todos nós lemos coisas - textos acadêmicos e não acadêmicos -, vemos filmes, ouvimos músicas, conversamos com amigos, desafetos ou indiferenças em nossas vidas, ficamos sozinhos, tomamos porres e coisas afins. Coisas que nos tocam diariamente e nos afetam.
Lá, o “Li e disse isso” funciona via textos lidos e textos escritos sobre opiniões e coisas que nos tocaram nos textos. Aqui poderia funcionar de forma semelhante no que diz respeito à prática escrita, porém o tema/fonte seria variado.
Até mesmo em relação a como aquilo nos tocou, como a experiência nos afetou, ou não afetou (recorrente nos últimos dias), enfim.
Comecei compartilhando uma idéia, que pode afetar vocês ou não, escrevam sobre isso.
Abraços.


PS: O que faremos na quinta? ninguém se manifestou....


Todos acham que eu falo demais
E que ando bebendo demais
Que essa vida agitada não serve pra nada
Andar por aí, bar em bar, bar em bar
Dizem até que ando rindo demais
E que conto anedotas demais
Que não largo o cigarro e dirijo meu carro
Correndo, chegando no mesmo lugar...

14 de março de 2008

Sugestão de atividade extra-classe

É só uma idéia:

"Nietzsche on the Beach"

Data: 19/03/2008

Horário: à partir das 10h

Onde? BAR KATIMANDU (na Aruana - nem me adianta perguntar onde é, por que só vou descobrir quando chegar lá...)

Abdera


Quem me dera entender
O que se passa por lá...
Cavalos humanizados
Lembram robôs bestializados
E as crianças só pensam em trabalhar.

A Educação é a grande questão.
A antiga relação de hierarquia
Dá lugar a igualdade
Que se transforma em rebeldia,
Pela ausência de sentido
Decorrente dos estímulos em pluralidade.

Citando o dia do Nestor
E o guri de oito anos na faculdade,
Eles estão a muitos anos de vantagem
Com dose “real” de maturidade
Exigida pelo mercado empregador.
(quem os pega?
É difícil sua argumentação quebrar).

Mas, e a Felicidade, a realização?
Isso é outra coisa
Um mero tempo perdido.
Educa-se para criar bons competidores, “puro sangue”
Preparados para nunca serem vencidos.
Quem me dera saber
Como toda essa história irá acabar...
Definitivamente, nenhum leão celeste intervirá.

7 de março de 2008

Os prisioneiros de Longjumeau

O conto fala sobre um jovem casal que, apesar de parecer muito feliz, se suicidou. Tudo começa quando eles se mudam para Longjumeau, uma cidade do interior da França. Lá eles moraram por vinte anos na mesma casa e não receberam praticamente nenhuma visita, unicamente porque nunca pensaram em convidar ninguém. Nem por uma vez pensaram nisso.
O casal Fourmi sempre foi invejado, seu amor era intenso demais e todas as outras pessoas sempre quiseram o mesmo. Isso fazia com que parecesse inexplicável a morte repentina. No entanto, uma carta do jovem Fourmi à um amigo não mostrava uma alegria tão intensa quanto a que era vista pelos olhos alheios. Ele falava sobre as várias tentativas frustradas de ir visitar o amigo e estas não eram uma ou duas, estavam mais para dez ou vinte. Também mostrava sua irritação em não conseguir ir a nenhum compromisso. Era como se fosse um prisioneiro de Longjumeau, nunca conseguia se afastar da "maldita", como ele mesmo escreve na carta, cidade.
A narração do conto é feita pelo amigo que recebe a carta. Ele acredita em todas as coisas que o prisioneiro conta e sente que o casal realmente não consegue fugir de Longjumeau, mesmo fazendo um grande esforço para isso. O engraçado é que o casal prisioneiro é o mesmo que tinha paixão por viagens. É possível afirmar isso, pois antes do matrimônio, os dois já haviam percorrido o mundo. Ao se mudar para a casa, eles não conseguiram ir para mais nenhum lugar, por mais perto que fosse da cidade. Globos, mapas, atlas e planisférios recheavam o lar do casal que, mesmo que ninguém acreditasse, estava com as malas sempre pronta para uma viagem. O amigo narrador ainda fala que recebeu diversos avisos de viagens do casal, mas nenhuma foi realizada e conta uma tentativa de fuga em que o casal pula para dentro de um trem e apesar de terem conseguido, pularam no vagão errado...este não sairia da estação. A única viagem que o casal conseguiu fazer, depois da chegada em Longjumeau, foi a viagem que precisava do suicídio para acontecer.
Esse conto foi um dos que mais teve diferentes interpretações. Entre são bernardo e fatalismos a discussão mais importante era sobre a felicidade do casal. Eles eram felizes vivendo em um mundo a parte das outras, um mundo de apenas dois? Será que alguém consegue viver por vinte anos com a mesma pessoa e não sentir falta ou procurar pessoas diferentes? O casal podia ser tão feliz que não tinha vontade de ir para mais nenhum lugar e falava mentiras apenas para não magoarem outras pessoas?
Eu vejo que o afastamento do casal com o mundo social aconteceu apenas porque eles pensavam que ter um ao outro era suficiente. Depois de tantos anos vivendo com a mesma pessoa, a paixão não era a mesma, era preciso ver novos rostos, ter novas experiências. No entanto, o casal percebeu isso tarde demais e tentou voltar para o mundo antigo a todo custo, em vão. Depois de tantas tentativas de chegar ao mundo que já conheciam e sentiam falta não houve outra saída, a não ser, ir para um terceiro mundo, ainda desconhecido, mas que se sabia ser melhor que aquele em que há apenas um rosto diferente do seu.

1 de março de 2008

Uma promessa quebrada

Um dia meu pai me disse: “Menina, homem quando trai a mulher não pode dizer a ela não, senão lá se vai! É essa conversinha a vida toda!”.
Essa frase demonstra um pouco o tipo de discussão que se teve em sala de aula. Ficamos a nos perguntar por que os homens se comportam diferentemente das mulheres e vice-versa. Não conseguimos achar a resposta para a questão, mesmo porque esta é muito difícil de ser respondida com certeza.

No dia a dia percebemos apenas que a diferença existe, principalmente, quando se trata de relacionamentos amorosos. Tanto o homem quanto a mulher demonstram seus sentimentos de maneiras distintas, até mesmo quando sofrem por amor. Os homens tentariam esconder seu sofrimento (sem sucesso), enquanto as mulheres saberiam disfarçar melhor sua angústia. No mesmo caminho, também, pode-se encontrar a vingança. Como as mulheres tenderiam a reagir e a pensar diante da situação?

No texto, o homem promete à esposa, cuja morte era uma certeza, que nunca mais se casaria e realiza seus últimos desejos: ser enterrada com um sino embaixo da ameixeira que ficava no jardim. Um ano depois, ele quebra a promessa ao se casar com uma jovem de 17 anos. O espírito da falecida esposa, perturbado, passa a assombrar a jovem esposa quando esta se encontra sozinha em casa e a manda partir. A jovem aterrorizada, então, conta ao marido o acontecido, mesmo sendo avisada pelo espírito que as conseqüências disso seriam graves. O marido tenta acalmar a moça e pede a dois guardas que a protejam em seu quarto durante a noite.

A noite cai e a jovem volta a ouvir o sino do fantasma, tenta até chamar pelos guardas, mas não consegue. Os três estavam paralisados quando o espírito da mulher vem e arranca a cabeça da jovem. Na manhã seguinte, o homem encontra o corpo da esposa, segue o rastro de sangue e vê o fantasma segurando a cabeça degolada. Ele golpeia o fantasma que por sua vez desaparece, restando somente sua mão furiosa sobre a cabeça jazida no chão.

À primeira vista, a vingança da primeira esposa parece sem sentido. Por que matar a jovem? Não foi o homem quem quebrou a promessa?
Em sala, chegamos à conclusão de que ela realmente se vingou do esposo. Ela o deixou viver com a terrível culpa e solidão. Para a falecida, a morte teria sido simples. O preço da traição seria caro, já que ela não queria perder seu domínio sobre o homem e sobre a casa (caso contrário, por que ser enterrada no jardim?). A idéia de vingança da primeira esposa se mostra bastante fria, calculada e também bastante eficaz : vingou-se do marido e da jovem que ousou tomar seu lugar. Se pararmos para pensar, esse tipo de rancor realmente existe no universo feminino.

Embora tenha sido abordada de maneira macabra, a temática do autor é interessante para ser debatida. Espero para ver os comentários.

23 de fevereiro de 2008

O Estranho

Como o nome sugere o conto causou um certo estranhamento, talvez tenha sido essa a intenção do autor, fazer com que as pessoas ficassem intrigadas com a leitura e fossem atrás de novas leituras para conseguir dar uma explicação para o aparecimento daquele estranho.
O conto inicia com a aproximação de um estranho a um grupo de exploradores e começa a contar a história de quatro homens. Há trinta anos atrás esse grupo havia explorado esse mesma região e foram atacados por um bando de apaches. Estes estavam na proporção de 10 para 1 então a luta estava fora de questão, porém os quatro exploradores conseguiram fugir e se escoderam dos índios. Essa façanha não teve final feliz, pois depois de três dias escondidos o sofrimento veio à tona e com ele a vontade de suicídio e assim se deu o fim de três dos quatro fugitivos. O estranho era o quarto e escutando a história dele um explorador ficou indignado porque o estranho teve coragem de escapar e deixar os outros morrerem, com isso teve vontade de matá-lo só que o capitão do grupo não permitiu que ele fizesse isso. O capitão e o outro explorador ficaram intrigados com a história contada pelo estranho, pois anos atrás haviam encontrado quatro corpos de homens mutilados. A vontade do explorador de matar o estranho não passou e o capitão responde a isso dizendo que era "totalmente desnecessário; não poderia deixá-lo mais morto".
A última frase do texto causou uma certa confusão na maioria de nós, como assim já morto? Diante da dúvida fomos a mais de uma leitura. A interpretação de Párbata nos permitiu pensar em uma explicação mais plausível a respeito do estranho e sua história. Na verdade todos haviam morrido, inclusive o estranho, com o ataque dos apaches e ele estava ali para contar uma história que fosse possível eles descansarem em paz, que fosse mais honroso para eles. A alma estaria vagando até se convencerem de que poderiam partir.
Fico me perguntando se na realidade isso é possivel, como assim ficar vagando até encontrar a paz? Para mim é muito "estranho", porém existe uma coisa chamada crença, fé que vai muito além de evidências e comprovações. Há quem acredite em vida após a morte e tome isso como um propósito na vida, saber o que fez em outros momentos mais distante e assim buscar explicações para coisas que acontecem no presente. Há quem considere o suicídio mais honroso do que a morte por causa da derrota, há quem considere tudo isso um absurdo, porém não adianta questionar, pois crenças são crenças!

17 de fevereiro de 2008

O notável foguete?!

Começando com uma breve história, o Oscar Wilde teve uma vida bastante intensa que oscilou entre notoriedade com seus contos e livros (o de mais sucesso O retrato de Dorian Gray) e prisão sob acusação de homossexualismo (que também lhe rendeu o livro Balada do Cárcere de Reading). O Wilde era bastante envolvido com as questões sociais e criticava muito a burguesia britânica.
Agora, indo ao conto, nos deparamos com um foguete bastante antipático e presunçoso que vira e volta estava se gabando. Assim como o foguete que parecia alienado, o Rei também o era. Este que tocava apenas duas melodias da flauta sem saber qual delas eram, ainda assim recebia os maiores elogios de toda a corte, pois ele era O Rei. A diferença com o Foguete (notável?) é que os outros fogos também eram alienados em relação a ele, porque por mais que soubessem que ele era um metido mantinham certo misticismo quanto.
Mas o que seria essa alienação? Uma fuga da realidade? Talvez, pois como foi dito: “a realidade é dura”, e é preciso muitas vezes alterá-la para poder atravessar. Sublimar é até necessário, pontualmente, pois quando não só para atravessar o real causa problemas ao indivíduo. Todos buscamos algo notável, mas talvez o que o Wilde - sabe-se lá o que o autor pensara - queira mostrar nesse conto é as conseqüências disso.
E aí veio a pergunta que provocou o silêncio: “será que a gente não é notável?”. Por que não nos identificamos com os personagens do conto? Todos temos um pouco do Foguete e não nos enxergamos de primeira assim. Fazemos as coisas ao nosso redor mais voltado para nos mesmos do que para a realidade e assim satisfazer todos os nossos prazeres (minha vida que é importante). Alguém até citou: “fale de mim, mas fale”.
Assim, nos encontramos em constante produção de ser notável. É até estranho pensarmos, mas parece que essa noção de cuidado de si, de querer ser notável e/ou satisfazer-mos, rompe laços – apesar de bastante necessitados de relacionamentos, nos intimidamos e distanciamos de algo que poderia ser mais firme.
E quem quiser, que conte outra!
Até.

9 de fevereiro de 2008

Sennin

“Sennin: Na mitologia japonesa, o espírito imortal de um santo eremita que vive nas montanhas, capaz de realizar milagres devido aos incontáveis méritos adquiridos através de seu ascetismo.” Essa definição é a chave de todo o enredo fantástico de “SENNIN”.

"Sennin", apesar de ser um conto relativamente pequeno, demonstrou possuir uma boa base para reflexões (dessa vez não necessariamente a morte - alívio para alguns). Determinação, disciplina, a entrega da própria vida por acreditar numa crença, servidão, todas essas palavras foram inicialmente citadas e igualmente fazem parte do conto de Akutagawa Ryunosuke.

O Gonsuke não queria ser igual aos demais; seu objetivo estava em se tornar um "Sennin".

O nome “Gonsuke” (coincidentemente ou não) era o nome pelo qual um importante samurai japonês era conhecido (assim como o Gonsuke do conto, esse não era seu nome verdadeiro). Os trajes utilizados pelo personagem faziam parte da vestimenta tradicional dessa classe de japoneses “guerreiros”, os quais foram posteriormente aderidos à tradição japonesa formal.

vestimenta japonesa

Pulando um pouco as curiosidades vêm algumas colocações pertinentes. Assim como foi discutido na aula, será que Gonsuke já não era Sennin desde o começo? Alguns pontos do conto parecem contribuir para essa hipótese. Assim como a pequena história do Sennin e os carregadores de melão, Gonsuke, primeiramente, conseguiu convencer (ou iludir) o funcionário da agência de ‘COLOCAÇÕES PARA QUALQUER TRABALHO’ a descobrir uma família que o tornasse Sennin, apesar de isso não se tratar de um trabalho. Além disso, ao ser perguntado sobre o motivo de querer tornar-se um Sennin, o Gonsuke explica que mesmo uma vida de luxo não faria de um homem um ser imortal; todos iriam terminar em pó ao final de uma vida de ‘sonhos passageiros’. Esse tipo de pensamento é característico de um Sennin, o qual faz parte da definição acima citada.

O desfecho do conto acontece diante dos olhos do médico e da “Raposa velha”, no topo de um pinheiro, pinheiro este (objeto de contemplação para o médico) que já no início da história aparecia como pista para as respostas de como tornar-se um Sennin.

Pontos interessantes: por que a casa escolhida para “ensinar” Gonsuke a ser um Sennin foi a de um médico (aparentemente não muito bem sucedido)? No que a passagem daquele eremita fez mudar a vida do médico e da “Raposa velha” interesseira?

Por fim, ser Sennin é um feito para alguns poucos ou todos nós poderíamos também ser, a partir do pressuposto que a resposta para ser um Sennin está em valorizar tudo que está ao seu redor, mesmo o que parece ser algo simples, contando que possa lhe acrescentar algo, permitir o aprendizado, estabelecer contato com o novo e proporcionar novas experiências?

1 de fevereiro de 2008

Mais uma vez... "a morte nos persegue!"

Mais uma vez ela vem se manifestar em nossos encontros...
Mas agora um detalhezinho chamou a atenção: aqui ninguém tem medo da morte!
A morte não é evitada, como nos outros textos que a gente viu, mas é encarada com naturalidade. Justamente por ser um evento corriqueiro na vida de nossos personagens, porque eles acreditavam que era possível conviver com os mortos.
A partir daí entramos na discussão sobre o medo da morte, que pra nós ainda é um tabu. E levantou-se a questão de que não temos necessariamente tanto medo da perda dos entes queridos, mas medo de morrer.
Esse fato é expressão do que afirmou Bauman, que as relações são líquidas, ou seja, os indivíduos não estabelecem mais laços tão rijos e duradouros como se observava no passado. Agora as pessoas (indivíduos líquidos) se ligam cada vez mais à materialidade e se distanciam umas das outras.
Também ilustra a tese de Bauman o fato de que já não observamos mais a vivência do luto (medo de ficar sem a pessoa que morreu), da forma como ele era vivenciado nos tempos de nossos avós, quando as pessoas eram mais dependentes umas das outras e pensavam mais na coletividade.
Atualmente, cada um pensa em si, em seus projetos. Não sobra tempo para carregar muitas lembranças ou relacionamentos densos.
Bem, foi mais ou menos isso que consegui "ler" do que foi discutido.

31 de janeiro de 2008

A morte nos persegue....


Tomei a ousadia de escrever um tópico sobre esse assunto que,EM TODA AULA,aparece nos nossos encontros: A MORTE!!

Então,sugiro um filme que perpassa por esta questão e que também levanta algo que falamos hoje: o medo de perdemos alguém que amamos.

O nome do filme é Mar adentro ,do diretor Alejandro Amenábar e conta a história de Ramón Sampedro que após ficar tetraplégico por 26 anos,decide lutar judicialmente pelo direito de morrer.

Muito bom o filme (quem assitir, recomendo ver os extras -as entrevistas com o diretor e o ator Javier Bardem o qual interpreta Ramón).

Um dado a mais ( não sei se fará diferença ou não) é baseado numa história real.

Abaixo coloco um poema escrito por Ramón :


“Mar adentro”


Mar adentro, mar adentro,
y en la ingravidez del fondo
donde se cumplen los sueños,
se juntan dos voluntades
para cumplir un deseo.

Un beso enciende la vida
con un relámpago y un trueno,
y en una metamorfosis
mi cuerpo no es ya mi cuerpo;
es como penetrar al centro del universo:


El abrazo más pueril,
y el más puro de los besos,
hasta vernos reducidosen un único deseo:


Tu mirada y mi mirada
como un eco repitiendo, sin palabras:
más adentro, más adentro,
hasta el más allá del todo
por la sangre y por los huesos.


Pero me despierto siempre
y siempre quiero estar muerto
para seguir con mi boca
enredada en tus cabellos.

22 de janeiro de 2008

ausência

Nessa quinta, 24/01/08, não teremos encontro. Até 31 então. Abraço!

17 de janeiro de 2008

O herói Rikki-tikki-tavi.




A discussão desta semana passou por diversos temas, os que mais me chamaram atenção no conto Rikki-tikki-tavi foram a auto-estima e o reconhecimento. Provavelmente o segundo colabora de forma direta para o aumento do primeiro, e acredito ainda que este tenha sido o caso do mangusto. Os demais temas a gente pode debater nos comentários.



Por ter feito o que fazem os da sua espécie - matado cobras -, Rikki-tikki ficou reconhecido como o herói da família do Homem Grande, e desde a sua chegada ao confronto com Nagaina, a cada cobra que Rikki-tikki matava, mais crescia a satisfação consigo mesmo, uma vez que matar grandes cobras eram feitos de mangustos mais velhos que ele. Mas será que ele continuaria sendo O herói se outra ameaça que não uma cobra surgisse na casa? Trazendo para nós humanos, acho curioso como uma atitude nossa também pode nos rotular para os outros, criando um conceito que tem muitas chances de não corresponder com a verdade, mas que para ser revertido necessita de vários comportamentos contrários ao primeiro. Por exemplo, se o mangusto tivesse matado também o rato almiscarado, a família poderia pensar que o rato seria de algum modo mais uma ameaça aos habitantes da casa.
Bom, isto foi uma das coisas que pude tirar da leitura, quase nada realmente, mas o espaço de comentários é legal pra a gente poder falar mais sobre o conto.

3 de janeiro de 2008

O canto e o cantante

Um certo artista plástico disse certa vez, em um documentário que trazia a arte produzida no Amapá algo mais ou menos assim: Eu sou artesão, sou reconhecido e me reconheço assim. O que faço é bastante influenciado pelo que vivi e vi do meu pai e avô. Eles eram artesãos, mas não se reconheciam assim, pois o que faziam tinha uma utilidade prática, eles utilizavam a arte deles no dia a dia sem perceber que o que faziam era também arte. Para eles, arte era aquilo que se fazia para pendurar na parede.
Estas não eram suas palavras exatas (deixando bem claro isso), porém a idéia é a mesma. O que na verdade diferencia o fazer do nosso amigo arteiro do fazer dos seus ascendentes? Ele também trabalha entalhando a madeira e detém o conhecimento técnico sobre sua matéria-prima - aprendizado lento e experienciado desde a infância -, e possui um cuidado com aquilo que faz. O documentário não tem essa preocupação de contrastar os dois fazeres artísticos, deixo essa questão pra gente.
Então aqui estamos nós, a Josefina (cantora e ratazana), e nosso artista da madeira. São esses três pontos que gostaria de levantar, o primeiro sobre o artista, sua arte e aquilo que a qualifica como arte e não um fazer cotidiano (questão tratada levemente em aula). O segundo e o terceiro tratarei de explicar.
Qual a Josefina que aparece no co(a)nto do Kafka? Talvez propositalmente - sabe-se lá o que se passava na cabeça do escritor quando a fez -, talvez sem querer, porém gosto de inventar uma Josefina com vida própria que, essa sim querendo, fazia a Josefina cantora notória e desejava torna-la única, apagando por completo os signos da josefina (com j minúsculo mesmo) que se misturava ao povo dos ratos e não aparecia. A josefina ofuscada em meio a multidão apressada do povo dos ratos; esta era a josefina que trabalhava duro, como todos os outros da sua raça, que pagava impostos, possuía necessidades fisiológicas - inclusive o chiado -, assistia tv, trocava a fralda dos filhos e talvez até esquecesse de tudo isso fazendo compras no supermercado, era uma josefina sem rosto, um tanto cara de multidão. No entanto havia a Josefina que pode parecer a mesma, mas não é. Esta fazia-se notar por seu chiado, que como diz o conto é um chiado comum, mas ganhava ares de canto, de arte; esta Josefina luta para não trabalhar, pois sua arte a cansava em excesso; lutava para se destacar e desligar do povo dos ratos, criando ao seu redor ares de superioridade. Imagino esta Josefina como um símbolo daquilo que criamos em volta daqueles que aparecem ou tentam aparecer; é a Josefina que aparece no Big Brother Brasil (que começa hoje por sinal), a Josefina que aparece na revista Caras, que faz a sua imagem maior e mais importante que sua arte; esta Josefina não defeca.
O terceiro é só uma provocação sobre o nosso próprio fazer. Como psicólogos, ou mesmo extrapolando para o modo de existir de cada um. Seria possível pensar a arte como política do nosso fazer psicologia? Ou a psicologia como fazer cotidiano implicaria algum tipo de repetição necessária até mesmo a sua sobrevivência?