14 de março de 2008

Abdera


Quem me dera entender
O que se passa por lá...
Cavalos humanizados
Lembram robôs bestializados
E as crianças só pensam em trabalhar.

A Educação é a grande questão.
A antiga relação de hierarquia
Dá lugar a igualdade
Que se transforma em rebeldia,
Pela ausência de sentido
Decorrente dos estímulos em pluralidade.

Citando o dia do Nestor
E o guri de oito anos na faculdade,
Eles estão a muitos anos de vantagem
Com dose “real” de maturidade
Exigida pelo mercado empregador.
(quem os pega?
É difícil sua argumentação quebrar).

Mas, e a Felicidade, a realização?
Isso é outra coisa
Um mero tempo perdido.
Educa-se para criar bons competidores, “puro sangue”
Preparados para nunca serem vencidos.
Quem me dera saber
Como toda essa história irá acabar...
Definitivamente, nenhum leão celeste intervirá.

8 comentários:

Kleber disse...

pois Paloma, seus versos me fizeram saber de novo, que a poesia cabe em qualquer lugar. mesmo na denúncia do que fazemos para ser algo que podemos não gostar. bonito!
abraço!

Párbata disse...

Essa é minha irmãzinha que me dá orgulho!!

Brincadeiras à parte,me entristece ver os caminhos pelos quais a sociedade vem caminhando...Durante todo esse período (especialmente durante o período das aulas) vim me revoltando (não como os cavalos de abdera, acredito) com tudo que vem acontecendo ao meu redor. No princípio, acreditava que havia algo de errado em mim, pois ao contrário do que a maioria das pessoas buscam hoje em dia, minha vontade é de ser feliz; não temer novas experiências, não temer ter medo (sabendo que isso é algo ruim), pois o medo deve servir na verdade para ser enfrentado, mesmo quando vc pensa que o que te "dá na telha" fazer é uma loucura (e dai? De médico e de doido todos têm um pouco, como diz o ditado...). Acredito também que não se deve deixar de ter objetivos (prefiro chamar de objetivos do que sonhos, pois sonho são sonhos) e lutar por eles; dinheiro: sim, (infelizmente) é necessário, necessário ás vezes até para se alcançar alguns objetivos (pra ser sincera, ultimamente quase tudo envolve, de forma direta ou indireta o dinheiro). Mas ele não deve ser uma prioridade, pois senão a sociedade vai formar cada vez mais os garotos de 8 anos "ingressantes de univesidades", nos quais sonhos se confundem com interesse de mercado. Bom, agora ao ler tudo o que escrevi, me senti quase um Luther King, mas deixa para lá....Em suma, a experiência de ter convivido com todos vocês durante os últimos meses me permitiram enxergar o mundo de uma outra forma (não sou só eu que acredito que esse mundo tá uma doideira, ufa!!), e o principal: aprendi a me enxergar de outra forma e de respeitar os outros, com suas diferenças, alienações, inquietações e tudo mais...Igualdade: uma palavra difícil de se colocar em prática. Talvez por isso que tenhamos criado todo esse anseio por uma maturidade perante à realidade; é preciso ser o mais poderoso, o melhor para se poder se sentir como o 'parafusador' do processo, e não o parafuso (não sei o porquê, mas algo intuitivo me fez associar tudo isso com o filme "tempos modernos"). Esse foi o comentário em que mais viajei...Espero que dê para alguém obter alguma compreensão do que escrevi. É ISSO....

Bruna_ disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bruna_ disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bruna_ disse...

Quero uma irmã no curso pra ficar me orgulhando também :]

É legal quando alguém vê que algo tá funcionando de um jeito e pensa... mas por que não dessa outra forma e vai e tenta alguma coisa diferente. Achei bem interessante sua postagem Paloma :]

E Párbata, não sei se vai ficar clara a conexão que fiz com seu comentário mas enquanto lia pensei em como é difícil a gente escapar dessa idéia de maturidade objetiva até dentro do ambiente universitário, no nosso curso mesmo... Várias são as matérias, créditos e mais créditos que temos que pegar com optativas, etc... Sabemos que os comentários que rondam pelos corredores são que sete matérias atreladas a pesquisas, extensões tornam-se quase que inviáveis mas poucos são aqueles alunos que batem de frente e dizem :" Não quero desse jeito!"...Atrasar o curso? Por quê?... Acredito que nisso também pode estar o que você comentou como a necessidade de não ficar pra trás,a questão de ter que ser o parafusador... Pode ser muita viagem mas acredito que "necessidade de agilidade" resume muito os dias atuais: temos que ser agéis, gastar o menor tempo necessário naquilo que fazemos e transformá- lo o mais rápido possível em dinheiro.
Beijos

Dani disse...

Só consegui pensar nisso lendo o que vocês colocaram...é do Pessoa-Caeiro:
Hoje de manhã saí muito cedo,
Por ter acordado ainda mais cedo
E não ter nada que quisesse fazer...
Não sabia por caminho tomar
Mas o vento soprava forte, varria para um lado,
E segui o caminho para onde o vento me soprava nas costas.
Assim tem sido sempre a minha vida, e
assim quero que possa ser sempre -
Vou onde o vento me leva e não me Sinto pensar.

Partilho das mesmas angústias que voces...e a gente (eu) pensa que essas coisas vao amenizando na mesma medida em que a nossa vida academica for passando. Existem imperativos que...enfim, são imperativos e que é dificil desamarrar-se deles, mas acho que é preciso coragem e deixar, assim como o CAeiro, o vento levar...
Eu não queria ter ideais (kkk),mas não posso negar a existência deles!
Deve ter algum modo de resgatar aquilo que as pessoas perderam...não sei quando , nem como, e com isso não me coloco em posição melhor, porque às vezes me flagro num evidente paradoxo - aí me lembro do Augusto dos Anjos (necessidade de ser fera). Sei não gente...
É isso
Abraços para todos.
=)

Dante disse...

Tempos modernos é um grande filme. Por acaso, revi ele esses dias... vcs não acham que o retrato da sociedade industrial que Chaplin elabora está muito, muito perto na nossa cultura aqui na UFS do ‘otimizar é preciso’? Eu acho que sim, com toda a precarização da vida que lhes são conseqüentes. ‘Engraçado’ que o filme acaba com Chaplin e sua companheira vagando sem rumo... qual o nosso rumo?

Foi ótima a experiência de trocar idéias com vcs nessa disciplina. Agradeço a vcs e a Kleber pelos bons papos.

Abraço a todos.
dante

Juaum disse...

Ótimo. Gostei bastante da ideia de meio que descontruir um certo padrão acadêmico de escrita aqui.
E bem... sobre o tema acho que já disse aquilo que mais me afetou no texto.
abraços pra vocês.